Papai Noel ou Natal?
Na verdade, uma coisa não tem nada a ver com outra!
Parece-me que há uma confusão: misturar Papai Noel com o Natal?
Os homens confundem tudo! Por isso o mundo vai tão mal!
Vejam esta pequena história
- Oi, Vô! Quem te deu este relógio de ouro puro?
- Papai noel!
- E as viagens pelo mundo, e os carrões, e a mansão?
- Papai noel.
- Papai noel é rico?
- Eu sou rico! Eu posso comprar tudo o que desejo: posso viajar, promover festas, “bagunçar”, esbanjar, enfim, posso fazer tudo.
- E foi o papai noel quem te proporcionou tudo isto?
-Foi!
- E quem é o papai noel?
- A mídia, os clientes, os fregueses, os pais, e, sobretudo, as crianças, são o meu papai noel.
- Não entendi!
- Com efeito, a mídia mostra, as crianças pedem, os pais compram e as minhas empresas faturam!
Já observaste, netinho, quantas milhares de pessoas procuram as minhas lojas? Pessoas grandes, pessoas pequenas, pobres... Tem gente de todo o tipo! Eu até acho graça: tem gente que compra “fiado”, que tira do banco o que não tem, só para agradar alguém, que, às vezes até é rico e, claro, vai rir também.
- É! Eu conheço gente assim. Tenho amigos na escola que são assim: os pais dizem que o papai noel comprou, mas depois coçam a cabeça porque não encontram dinheiro para pagar!
- Então: estás vendo? Não é como eu te disse?
- Mas é para o senhor que eles ficam devendo.
- É sim!
- E o senhor vai cobrar deles?
- É claro, eles são o meu papai noel!
- Mas, muitos deles não tem dinheiro nem para pagar a padaria...
- Eles se arranjam! Pobres sempre se arranjam.
- O senhor já viu falar de Jesus?
- Já ouvi falar, mas não me interessei em conhecê-lo.
- Por que?
- Ele fala de pobreza, de penitência, de oração, de perdão! Coisas desinteressantes.
- Ele fala de um Reino Novo! Ele fala do Reino dos Céus!
- Balelas! Ele é contra mim.
- Ele é Deus e tem amor!
- Amor, bondade, caridade, isso só esvazia o meu cofre.
- E para que o senhor quer um cofre cheio?
- Status, netinho, status!
- Status enche a barriga?
- E como enche: minha barriga vive cheia! Afinal, o status faz com que muitos me rodeiem, me idolatrem, me ofereçam banquetes e ceias de luxo.
- Mas o senhor não precisa que os outros ofereçam isso!
- Mas me sinto bem: os outros pagam e eu fico cada vez mais rico.
- O senhor gosta do Natal?
- Sim! Exatamente por isso: festas, ceias, viagens...
- E Jesus?
- Este é para a pobreza!
- Mas é por causa Dele que existe o Natal! Por causa Dele que o senhor fica rico.
- O Natal sim, existe por causa dele. Mas as festas, o luxo, os banquetes não são por causa Dele!
- De quem?
- Dos magnatas, dos que planejam, dos que visam a prosperidade, a riqueza. É por causa destes!
- E Jesus, fica de fora?
- Na verdade, sabe netinho, Jesus ficou de fora por causa dos tolos!
- Eu sou um tolo?
- Claro que não! Eu estou falando dos que acreditam em papai noel.
- Eu acredito em Jesus, no Papai do Céu, e sabe o que eu peço a Eles?
- O que?
- Que o senhor ganhe o maior dos presentes!
- Qual?
- O abraço de Deus! Que o senhor perceba nos outros, a presença de Deus, que o senhor perceba o quanto Deus faz pelo senhor...
- Por mim?
- Onde o senhor acha que os pobres encontram razões e forças para comprar presentes?
- Na mídia!
- No amor, vô! No amor!As pessoas compram por amor às crianças, aos queridos. O amor, vô. E o amor vem de Deus! Amor é coisa de Deus! Portanto, Deus ajuda o senhor!
- Que estranho! Eu nem conheço Deus!
- Mas Ele conhece o senhor. E é muito triste!
- O que é triste?
- Deus ajudar o senhor!
- Ele ajuda se quer!
- Ele ajuda, para que o senhor possa ajudar os outros!
- Os outros que trabalhem!
- O senhor pensa que é importante, que é rico, que tem poder, mas isto não é verdade: os pobres são mais ricos do que o senhor!
- Como assim?
- Todo o dinheiro que o senhor ganha vem deles: o senhor não teria poder se eles não existissem, não ficaria rico sem eles. Se não fossem os pobres! Tudo depende deles.
- Tudo isto eu sei!
- E não coça a cabeça com dor na consciência?
- E por que eu faria isso?
- Por causa do amor, do qual eu falava antes. Amor, vô, amor!
- Você fala como um catedrático: como se eu fosse um ignorante!
- Não sou catedrático e o senhor não é ignorante, mas eu preciso dizer: o senhor não é sábio!
- Não sou ignorante, mas não sou sábio! Como pode ser isso?
- O senhor é “vivo” com relação a ganhar dinheiro, mas é “tolo” por não saber dar o destino certo a ele. Eu não sei muitas coisas, mas sei que o fruto do trabalho, da luta de tanta gente que alimenta o senhor, não pode simplesmente ficar trancado em um cofre onde a ferrugem e as traças vão destruí-lo! Cuide-se vô, para que as traças também não te destruam! Eu, pessoalmente, vou pedir a Jesus um grande presente. Não vou pedir ao papai Noel, pois ele não existe! Vou pedir para Jesus que existe! Vou pedir para que o senhor não se corroa a si mesmo, e que encontre neste teu coração a verdadeira razão para viver: o dividir, o repartir, o partilhar, enfim o amor, que o senhor, infelizmente, desconhece. Até amanhã, vô! Sabe onde estou indo agora?
- Onde?
- Na casa da tia Nita, a tua irmã. E sabe o que vou fazer lá? Levar para os meus primos, um pouco de pão, e algumas balas, já que a tia Nita não tem dinheiro para comprar alguma coisa para os seus filhinhos, neste Natal!
Mais uma coisa, Vô: antes de desperdiçar o teu dinheiro em “ ridicularidades”, pense, porque eu acho que cérebro o senhor tem, então pense: Quem sou eu? Quem são os “outros”? E, quem sabe, Vô, o Jesus da Manjedoura, não te dá uma resposta?
Feliz Natal, Vô! E obrigado pelo presente que me deste.
- Que presente? Eu não te dei presente!
- A tua presença, Vô! É tão bom viver a presença da família!
Feliz Natal a Todos!
Cláudio Heckert
Arnaldo pergunta: Será o último Natal?
Aproveitem-no bem! Em família!
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